novembro 17, 2007

Foram...


Hoje foste passar a tarde num convívio de antigos colegas. Estiveste animada, como sempre, entre eles. No regresso não tinhas qualquer ideia de quais lá tinham estado, ou quantos. Os rostos e as vozes já se tinham afastado da tua lembrança. Não ficaram mais do que os momentos em que estiveram fisicamente presentes. Logo de seguida começaram a desaparecer...

Um novo dia virá

É imperioso acreditar que um crepúsculo não é um final apenas, mas um sinal inequívoco de que um novo dia virá, e com ele a esperança... talvez... quem sabe...

novembro 14, 2007

Choro!

José Gomes Ferreira


Choro!

Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
as crianças violadas
nos muros da noite
húmidos de carne lívida
onde as rosas se desgrenham
para os cabelos dos charcos.

Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
diante desta mulher que ri
com um sol de soluços na boca
— no exílio dos Rumos Decepados.

Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
este sequestro de ir buscar cadáveres
ao peso dos poços
— onde já nem sequer há lodo
para as estrelas descerem
arrependidas de céu.

Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
a coragem do último sorriso
para o rosto bem amado
naquela Noite dos Muros a erguerem-se nos olhos
com as mãos ainda à procura do eterno
na carne de despir,
suada de ilusão.

Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
todas as humilhações das mulheres de joelhos nos tapetes da súplica
todos os vagabundos caídos ao luar onde o sol para atirar camélias
todas as prostitutas esbofeteadas pelos esqueleto de repente dos espelhos
todas as horas da morte nos casebres em que as aranhas tecem vestidos para o sopro do
silêncio
todas as crianças com cães batidos no crispar das bocas sujas
de miséria...

Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro...

Mas não por mim, ouviram?
Eu não preciso de lágrimas!
Eu não quero lágrimas!

Levanto-me e proíbo as estrelas de fingir que choram por mim!

Deixem-me para aqui, seco,
senhor de insónias e de cardos,
neste ódio enternecido
de chorar em segredo pelos outros
à espera daquele Dia
em que o meu coração
estoire de amor a Terra
com as lágrimas públicas de pedra incendiada
a correrem-me nas faces
— num arrepio de Primavera
e de Catástrofe!

novembro 13, 2007

Ajude a ajudar!

21 de Setembro de 2007








O dia 21 de Setembro é assinalado internacionalmente como o Dia Mundial da Pessoa com Alzheimer.

A Delegação na Madeira da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer - ALZHEIMER PORTUGAL, organizou um programa para este dia. Aqui fica o relato feito pelas técnicas da Delegação.

Jantar de Angariação de Fundos
- Teve lugar no Hotel Porto Santo Maria e contou com mais de 100 pessoas, muitas das quais, bem conhecidas da Delegação pois habitualmente são presença assídua nos eventos por ela organizados.
Neste Jantar predominou o simbolismo. Cada uma das mesas encontrava-se identificada com uma das atitudes que almejamos que toda a sociedade tenha face às Pessoas com doença de Alzheimer: solidariedade, respeito, carinho, esperança, dedicação, amizade, apoio, compreensão, ternura, amor, afecto, estima e generosidade.
Tendo em conta o novo slogan da Alzheimer Portugal: “ A indiferença, o abandono e a solidão. São sintomas frequentes da Doença de Alzheimer que você pode curar“, simbolicamente e de forma a contrariar o “sintoma” da indiferença cada um dos presentes foi convidado a acender as velas que se encontravam nas suas mesas, em representação das pessoas com doença de Alzheimer, que se encontram abandonadas à solidão.
Após a refeição procedeu-se ao visionamento de um pequeno vídeo intitulado “Testamento de um Doente de Alzheimer”. Este vídeo teve por base a obra de Lilian Alicke, a Presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ) e remete para a importância da Abordagem Centrada na Pessoa.
Finalmente, os participantes foram convidados a pegar num dos balões que se encontravam na sala e, em conjunto, todos foram para o jardim onde, ao som de violino, os balões foram largados, tendo este acto simbolizado o compromisso de cada um de nós para com as Pessoas com Doença de Alzheimer.

novembro 12, 2007

O que é a Doença de Alzheimer?


Se quiser saber um pouco mais sobre esta doença, leia este artigo, publicado pela Alzheimer Portugal no seu site.

Uma grande filme! Uma grande causa!


No próximo dia 21 de Novembro, será exibido o filme "LONGE DELA", no Centro de Congressos do Estoril, às 21h30.

“Longe Dela” é uma maravilhosa história de amor e demonstra de uma forma muito fiel as dificuldades e obstáculos por que passam, diariamente, os cuidadores de pessoas com doença de Alzheimer.
A seguir à exibição do filme a Alzheimer Portugal irá promover um debate.

Os bilhetes podem ser adquiridos no próprio dia, no centro de Congressos, entre as 19h e as 21h e revertem, na íntegra, para o futuro Centro de Dia e Unidade de Internamento Temporário para pessoas com doença de Alzheimer que a Associação irá construir na Alapraia, em Cascais.

novembro 04, 2007

Desorientação espacial


Foi talvez uma das primeiras dificuldades que deste a perceber. A primeira mesmo foram as falhas da memória, sem dúvida.Ainda na idade activa, em pleno exercício da profissão que sempre desempenharas tão bem...
Começaste a ter dificuldade a conduzir. Nunca sabias onde virar, o que fazer num cruzamento ou numa rotunda, qual o caminho a seguir, a não ser que fosse o mais usual, entre casa e o trabalho.
Logo a seguir vieram os confusões nos percursos em casa, entre o quarto e a sala, a casa de banho e a cozinha. Tudo parecia um labirinto.
Depois, a pôr a mesa, as dúvidas quanto ao lugar dos talheres, do copo, dos pratos... Uma vez colocaste os pratos para quatro pessoas apenas em metade da mesa redonda da sala de jantar.
Os conceitos de localização ficaram ininteligíveis: em cima, ao lado, atrás, à direita... nenhuma dessas indicações faz sentido.
Não sabes onde moras, não sabes onde se apagam as luzes, onde se despeja o lixo.
Imagino que te sintas perdida, como uma criança que não sabe onde está e estranha o ambiente à sua volta.Por isso te damos sempre referências simples e te acompanhamos a cada momento, guiando os passos, discretamente.
Estaremos sempre ao teu lado.E saberás por onde seguir.

novembro 02, 2007

novembro 01, 2007

Sugestão de leitura.

Hoje, no blogue da Sofia, encontrei uma sugestão de leitura que me pareceu muito interessante. Aqui fica, com os meus agradecimentos a Sofia.

Uma história de senilidade e loucura

"Heloisa Seixas reconstrói uma trajetória assombrosa com uma tremenda força literária e emocional" – Ruy Castro

As mudanças de personalidade, a depressão, as monomanias, a paranóia psicótica, o medo, as alucinações. Como lidar com alguém que está sendo afetado de forma inexorável pelo mal de Alzheimer? E pior – o que fazer quando esse alguém é sua mãe?

Em O Lugar Escuro, Heloisa Seixas narra uma história real, a sua própria, entrelaçada com um pesadelo familiar. Todas as fases da lenta degradação de uma mente comprometida são descritas de forma minuciosa e assustadora neste livro que, de tão fantástico, às vezes parece ficção, ou "uma espiral assombrada", como define a escritora.

Mas quem já conviveu com pessoas afetadas pelo mal de Alzheimer sabe que a realidade é assim – uma sucessão de memórias perdidas, um vazio que vai tomando tudo, uma realidade fugidia, em que o doente se transforma no avesso de si mesmo. Como quem procura pistas para sair de um labirinto, Heloisa Seixas reproduz essa trajetória, que nos assusta e atrai, com sua dose diária de estranhamento e loucura. Das raízes familiares, num casarão da Bahia, à vida no Rio dos anos dourados, Heloisa faz uma viagem ao passado de sua mãe, esquadrinhando a mente que aos poucos se estilhaça.

O Lugar Escuro é um relato corajoso – narrativa catártica que tem o poder de emocionar, e também de aproximar o leitor desse cotidiano que massacra um número cada vez maior de pessoas e que é a principal causa de demência entre idosos no Brasil e no mundo.

Segundo dados da Academia Brasileira de Neurologia, com o crescimento da população com mais de 60 anos no país – que deve chegar a 24 milhões de pessoas daqui a dez anos – o mal de Alzheimer deve se tornar um problema de saúde pública. Hoje, no mundo, já se contabilizam mais de 20 milhões de casos da doença.