setembro 21, 2013





Encantavam-te as pedras

Quando eras preciosa

Hoje ainda és

Mas não sabes



 
Frágil é o tempo
mas inexorável,
o teu.

O nosso, a acompanhar o teu
 lento também e cheio de dúvidas.

Quanto tempo passou?
Mais de treze anos, milhares de horas, milhões de instantes...

E quanto resta?
Todo aquele que te fizer falta.






Como é ténue

O fio dos dias

Que te prende à vida




Depois de claro
Tudo se foi tornando difuso
Incompreensível

Hoje
Já quase nada existe.
Nem a cor
Nem a forma
Nem o som
Nem o odor.

Resta a presença
Já não resta a esperança.




Navegas num lago escuro
Completamente escuro
Não sabes onde estás, 
para onde vais, 
de onde vieste...

Mas nunca estás só
Nunca estás um único instante 




Imagem da autoria de Maria Manuela Botelho de Moura Gonçalves para uma exposição de fotografia sobre temática relacionada com a Doença de Alzheimer, no Funchal, e que não chegou a concretizar-se, infelizmente.